Pesquisa pioneira busca identificar moradores com síndrome de Down na Maré

Uma parceria entre o Movimento Down e a ONG Redes de Desenvolvimento da Maré é responsável pelo desenvolvimento de uma pesquisa inédita sobre síndrome de Down no Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro.

A Redes de Desenvolvimento trabalha desde janeiro deste ano em um censo, paralelo ao realizado pelo IBGE, para mapear a população de toda a região, que tem cerca de 130 mil habitantes. Esta pesquisa é importante para produzir informações sobre a real situação dos moradores e, futuramente, orientar corretamente a elaboração de políticas públicas para todo o complexo de favelas.

Durante o processo de visita às casas, cada vez que é identificada a presença de uma pessoa com síndrome de Down, a família é encaminhada a uma equipe composta por psicólogos e assistentes sociais. Essa equipe, em parceria com o Movimento Down, fornece informações e orientações sobre o desenvolvimento, estimulação, saúde, legislação e outras questões que envolvem a melhoria da qualidade de vida das pessoas com a síndrome.

Paula Miranda, psicóloga que atua na pesquisa, afirma que o projeto está sendo muito bem recebido na região. Atualmente, por falta de opções no local, as famílias precisam encaminhar os filhos a tratamentos e terapias em outros bairros da cidade, dificuldade que pode ocasionar no abandono das atividades. “Já identificamos uma lacuna no atendimento fonoaudiológico, tão importante para as pessoas com síndrome de Down e que não está disponível na região”, afirma a psicóloga.

 

Na fase inicial do projeto, foram identificadas 15 pessoas com síndrome de Down no Complexo de Favelas da Maré. Entre elas está a filha de Maria de Lourdes Rodrigues, Shirley. A aposentada só descobriu que a filha tinha síndrome de Down quando a menina tinha cinco anos, o que a levou a família a deixar o Ceará em busca de melhores oportunidades. Entretanto, apesar de Shirley já estar com 26 anos, essa é a primeira vez que é abordada sobre o assunto na região onde mora.

Outro que também esta muito animado com a iniciativa é Luíz Felipe da Costa, de 19 anos. Luís Felipe enxerga no projeto uma oportunidade de conhecer outras pessoas com síndrome de Down. “Quero fazer amigos para ir passear e jogar basquete. Também quero arrumar uma namorada. Um dia eu vou casar”, o jovem conta animado.

Por Ana Paula Abreu.