Síndrome de Down e autismo

Nos últimos anos, aumentou o diagnóstico de crianças com síndrome de Down e autismo, ou desordens do espectro autista, no entanto, é difícil diagnosticar o autismo em crianças que já têm uma deficiência intelectual.

Alguns especialistas acreditam que a sociabilidade normalmente relacionada à síndrome de Down dificulta o diagnóstico de autismo, mas outros se preocupam com uma tendência a um “diagnóstico exagerado” do autismo nas crianças com trissomia 21. Isso poderia levar a uma baixa expectativa em relação ao progresso dessas crianças, além de ser mais uma fonte de estresse para as famílias.

Atualmente, não há um exame definitivo para o diagnóstico do espectro autista. Ele é feito com base em um padrão de desenvolvimento e comportamento, mas muitos desses comportamentos não são, individualmente, indicativos do autismo. Isso quer dizer: se a criança apresentar um desses comportamentos, não quer dizer que seja autista. Muitos desses comportamentos, inclusive, são vistos como típicos de crianças nos primeiros estágios de desenvolvimento e podem ser visto por mais tempo em crianças cujo progresso é mais lento, por qualquer motivo.

Crianças com atraso na comunicação, com deficiências visuais ou aditivas, que sofreram lesões cerebrais graves ou com graves dificuldades de aprendizagem têm maior tendência a apresentar comportamentos considerados como sintomáticos do autismo. Isso significa que há grandes chances de um diagnóstico errado.

Sintomas

O autismo é, essencialmente, uma dificuldade de socializar, afetando a capacidade da criança de se comunicar ou conviver com outras crianças e adultos. Existe, no entanto, um grupo de sintomas visto como importantes para o diagnóstico:

Dificuldades sociais
Dificuldades de comunicação
Repetição de comportamentos esterotipados
Para que o autismo seja diagnosticado, é preciso alto grau de deficiência nos três campos sintomáticos, mas uma criança que apresente algumas, mas não todas as dificuldades, pode ser diagnosticada como tendo uma desordem do espectro autista.

O autismo, normalmente, é diagnosticado por um psiquiatra e a criança deve ser observada em diferentes ambientes (casa, creche ou escola, e não apenas clínica), para que se tenha um quadro completo. O consenso é que o autismo pode ser diagnosticado a partir dos três anos de idade.

De acordo com estudos recentes, a incidência do autismo é maior entre crianças com deficiência intelectual ou dificuldades de aprendizagem. De fato, os estudos mostram que, quanto maior a deficiência, maior a probabilidade. Segundo pesquisas no Reino Unido e na Suécia, cerca de 5% a 7% das crianças com síndrome de Down têm desordens do espectro autista.

Fatores de risco para o isolamento social

Quando as habilidades de brincar e se comunicar se desenvolvem muito lentamente por conta de uma deficiência, existe o risco desse desenvolvimento “empacar”.

Por exemplo, às vezes a criança pode repetir uma ação – como empurrar um carrinho para a frente e para trás, simplesmente porque não sabe brincar de outra forma. Nesse caso, ela só vai progredir se uma dulto ou outra criança brincar com ela e mostrar-lhe como brincar de maneira mais apropriada ou desenvolvida. Mesmo que a brincadeira não avance, se alguém brincar com a criança, isso já vai evitar que ela desenvolva o hábito de repetir a mesma atividade várias vezes sem que isso leve a um aprendizado ou progresso.

Uma criança mais tímida e que ainda não consegue usar sinais ou palavras para se comunicar pode se refugiar em seu próprio mundo em vez de procurar alguém para brincar ou se comunicar. Às vezes, a criança está fazendo esforço para se comunicar, tentando alcançar alguma coisa, ou demonstrando a vontade pelo olhar, e é preciso encorajá-la. É preciso prestar atenção em todas as tentativas de comunicação para garantir que elas tenham a oportunidade de se comunicar.

A mensagem para as famílias em que uma criança com síndrome de Down foi diagnosticada com autismo é:

Discutam as necessidades extras da criança e reconheçam as novas demandas. Pode ser útil se comunicar com outros pais na mesma situação.
Desenvolvam uma rotina diária e uma agenda visual para estruturar o dia da criança e diminuir suas ansiedades, antecipando o que vai acontecer.
Concentrem-se em encorajar a habilidade de comunicação. Ofereçam escolhas e respondam a todas as tentativas de comunicação.
Concentrem-se em ensinar as habilidades para que seu filho se torne independente e autônomo. Isso vai melhorar a qualidade de vida dele agora e no futuro
Encorajem sua ação em atividades significativas, como tarefas domésticas.
Promovam, ao máximo, interação com outras pessoas em brincadeiras e atividades. Reconheçam que, se a criança ficar sozinha, dificilmente alcançará progressos.
Tentem limitar o tempo gasto em atividades repetitivas.
Como parte das rotinas diárias, definam suas expectativas em relação ao comportamento da criança.
Usem linguagem simples, clara e constante para maximizar o aprendizado e o entendimento
Mantenham a calma em todas as interações com a criança.

(Fonte: Down Syndrome Education Online – autora: Sue Buckley)