Equilíbrio, desafios e emoção: veja os benefícios do surfe para pessoas com síndrome de Down

Amanda, 9, pratica o esporte há cerca de um ano.
Crédito da foto: Acervo pessoal

Sol, ondas e muita emoção. Graças ao trabalho de profissionais e associações, pessoas com deficiência têm melhorado sua qualidade de vida por meio do surfe. O esporte pode ser um poderoso aliado para o desenvolvimento de pessoas de todas as idades, inclusive com síndrome de Down. Além dos benefícios do exercício aeróbico e do convívio social, as aulas estimulam a integração sensorial, muito importante para as pessoas com a síndrome.

Criado em 2007, o Instituto Adaptação e Surf – AdaptSurf surgiu para promover a inclusão e integração social das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. O projeto disponibiliza aulas de surfe adaptado para pessoas com deficiência, além de lutar pela acessibilidade das praias do Rio de Janeiro.

Atualmente, são 50 alunos, nove deles com síndrome de Down. “As aulas trazem desafios e diversão. O ganho no desenvolvimento físico e psicológico acaba sendo natural, principalmente no caso das crianças. O surfe auxilia na autonomia dos alunos, em sua formação enquanto indivíduos”, explica Luana Nobre, coordenadora de projetos e vice-presidente da instituição.

Mãe de Amanda, que tem síndrome de Down, Patricia Almeida conta que as aulas ajudam a filha de nove anos a entender seus limites e expandir o convívio social, entre diversos benefícios. “A Amanda sempre adorou água, só que não tinha a menor noção de perigo. Depois que ela começou no Adaptsurf, passou a respeitar mais o mar e não ir mais para o fundo sozinha. O contato com a areia desenvolve a integração sensorial, os exercícios pra ficar em pé na prancha ajudam no equilíbrio e encontrar com os amigos promove a socialização. Ou seja, é tudo de bom!”, comemora a jornalista, que também atua na coordenação do Movimento Down.

Luiz Arthur é um dos alunos do Adaptsurf, no Rio de Janeiro. Crédito da foto: Divulgação/Adaptsurf

 

De pai para filho

Surfista profissional e pai de Pedro, que tem síndrome de Down, Fabio Aquino fez questão de ensinar o esporte para o filho e acredita que a prática tem sido fundamental para o seu desenvolvimento. “Acho que o contato com a natureza é muito bom. Estar na água furando as ondas estimula muito no equilíbrio. Fazer um esporte aquático também ajuda muito na respiração do Pedro”, conta ele, que também surfa ao lado da filha Anna Júlia, de oito anos.

O surfista profissional Fabio Aquino e os filhos Anna Júlia e Pedro, que já praticam o esporte.
Crédito da foto: Paula Moreira Fotografia

 

Aquino revela que incentivou Pedro a surfar desde cedo. Com poucos meses, o menino já ficava sobre a prancha dentro das piscinas e, mais tarde, na praia. O percurso nem sempre foi fácil – aos três anos, o filho começou a ter medo do mar, dificuldade já superada – mas trouxe excelentes resultados, inclusive para a sua autonomia. “Hoje em dia ele consegue se virar em tudo. O Pedro vai sozinho para a onda, fura e pega. Tudo sozinho”, orgulha-se.

Superação também é a palavra de ordem entre o grupo de jovens com síndrome de Down da Praia de Manguinhos, na Serra, região Metropolitana do Espírito Santo. Eles aprendem surfe e stand up paddle (modalidade de surfe com remos) em uma escolinha exclusiva pra quem tem a síndrome. “A gente vê nas atividades que a gente monta que eles estão o tempo todo se superando e buscando mais. A gente vê o resultado na mudança de vida, no relacionamento com os colegas”, conta Fábio Palmeira, que dirige o projeto.