“Downtown”: o humor a favor da inclusão

Downtown_mqt_muestra-Amina_Página_118“O ruim de ter Síndrome de Down é que, no dia em que você nasce, seus pais ficam um pouco tristes…, o bacana é que, depois desse dia, não voltam a ficar tristes nunca mais”. Essa fala é do menino Blo, a personagem principal da obra “Downtown”, uma história em quadrinhos espanhola, que será lançada pela primeira vez no Brasil no mês de março, pela Editora Revan.
O livro, traduzido do espanhol por Michelle Strzoda, conta a história de “Blo” e seus amigos, todas crianças com Síndrome de Down. Através de seu olhar, os amigos inseparáveis conseguem mostrar uma realidade sem preconceitos, destacando as diferentes personalidades e gostos de cada um, tudo de forma leve e engraçada, despertando, assim, muitas gargalhadas.
No entanto, o humor da tirinha criada pelos espanhóis Rodrigo García Llorca e Noël Lang busca ir muito além das brincadeiras. A finalidade é promover, na sociedade, um olhar livre de preconceitos e estereótipos. Essa proposta permite assim, segundo os autores, que ocorra não só uma desdramatização da Síndrome de Down, como também a inclusão e a quebra de tabus e preconceitos em torno da sídrome.
“O humor é o caminho mais rápido para transmitir uma mensagem, além de nos conectar facilmente com as pessoas. Uma pessoa é bem vista quando ela nos diverte e nos faz rir, por isso cremos que integrar “Blo” e seu grupo através do humor é mais eficaz que fazê-lo com um tom sério ou mais institucional”, diz Lang.
A história
A ideia de criar “Downtown” surgiu da própria experiência de vida de Lang. Por ter crescido em contato com seu tio Pablo, que tem Síndrome de Down, o autor conseguiu captar o humor do tio, que vivia contando piadas. Nossa intenção é conta-las a partir do ponto de vista deles e sua maneira muito simples de ver as coisas”, explica Lang.
Já o título do livro, “Downtown”, tem como origem o nome de um dos discos da cantora Petula Clark, objeto de afeto de “Blo” na história. Na tirinha, “Blo” tem apego especial pelo disco, levando-o para todos os lugares, o mesmo que fazia o tio de Lang. “Isso era algo que Pablo fazia. Ele não largava nunca de alguns objetos”, conta.