“A escola deve estar inserida no mundo de verdade”

PilarMaria do Pilar Lacerda quer uma escola inserida no mundo de verdade, onde os estudantes sejam vistos como pessoas que têm cultura, vivências, saberes próprios e diferentes. Na verdade, ela não quer uma escola assim. É um desejo para todas as escolas do Brasil. Este é um dos temas que a historiadora e diretora da Fundação SM, organização que atua na área de pesquisa educacional, vai debater no Seminário Internacional de Educação Integral – Práticas para uma Cidade Educadora, que acontece nesta quarta e quinta-feira no Rio de Janeiro, na Sala Baden Powell, em Copacabana. Leia abaixo sua entrevista:

 

MAIS: Qual a importância de discutir a implementação de políticas de educação integral no país e trabalhar novas práticas de educação?

MARIA DO PILAR: O Brasil tem um enorme desafio: o de fazer, ao mesmo tempo, as agendas dos séculos XIX, XX e XXI. Temos de incluir todos, garantir a permanência e aprendizagem, oferecer educação para os mais de 40 milhões de brasileiros adultos que não tiveram o direito assegurado na idade correta. E, além de tudo isso, implementar um projeto político pedagógico contemporâneo, que veja os estudantes de forma muldimensional, sabendo que são pessoas que têm cultura, vivências, saberes próprios e diferentes, que devem ser respeitados e estimulados a entender o mundo e entender-se no mundo. Por isso, entre outros tantos desafios, o maior é pensar uma escola que se insere num território, no mundo de verdade.

 

MAIS: Você acredita que é preciso existir uma renovação na educação brasileira?

MARIA DO PILAR: Não só acredito como batalho muito por isto. A escola de educação básica tem de se entender com o mundo real, porque esta velha escola que era boa para o início do século XX hoje não dialoga com o século XXI. Uma escola que se insira no território, que reconheça as culturas que a rodeiam, que no seu projeto pedagógico traduza a geração que a frequenta, que precisa de circulação e experimentação, de fazer mais, de falar mais.

 

MAIS: Você acredita que também é preciso que existam políticas para a educação inclusiva?

MARIA DO PILAR: Claro que sim. As políticas públicas sinalizam e induzem práticas nos estados, nos municípios e nas escolas.

 

Foto: Reprodução / Facebook