O médico Drauzio Varella sempre surpreende o público com as escolhas dos temas para suas séries no Fantástico, da TV Globo. Ele, que já falou sobre os males da alma, sobre o sistema penitenciário no Brasil, sobre sedentarismo, agora volta as câmeras para a condição genética que atinge 270 mil brasileiros: a síndrome de Down. No dia 9 de agosto, domingo, estreia o primeiro dos cinco episódios de “Qual é a diferença?”, em que Drauzio vai mostrar as conquistas e os desafios das pessoas com a trissomia, inovando também no formato: o médico vai dividir a apresentação do programa com o ator e judoca Breno Viola. Breno, 34 anos, tem síndrome de Down, é ativista do Movimento Down, participou da Special Olympics e trabalhou no filme “Colegas”. Breno, que trabalha, anda sozinho, tem namorada, falará sobre algumas limitações da síndrome, mas também vai mostrar que é possível ter uma vida plena, produtiva e feliz. Drauzio Varella conta abaixo como foi trabalhar com Breno e como muitas de suas ideias mudaram depois de mergulhar no assunto. E garante: as histórias que serão contadas são fantásticas e emocionantes. Não percam.
1) Como surgiu a ideia de fazer esse quadro?
O tema é decidido em equipe, sempre democrático. Vamos percorrer da infância à velhice e abordando temas como saúde, convívio, educação, trabalho, sexualidade e relacionamentos
2) Qual a importância de conversar sobre síndrome de Down?
A grande questão é a aceitação das diferenças, é o que vamos mostrar. O erro está em todo mundo achar que é igual. Essa aceitação permite colocar uma expectativa dentro dos limites da pessoa com Down.
3) Quais os maiores desafios que o senhor encontrou como profissional da saúde em relação à síndrome de Down?
Tive que estudar muito para aprender e conversei com os especialistas para ver os pontos fundamentais. Depois fui entrevistar os personagens e ai está o grande aprendizado. Fiquei muito surpreso com a fragilidade de alguns personagens, principalmente dos femininos. Não tinha uma visão tão clara como a que adquiri no decorrer das gravações. Como a sensibilidade é grande dessas pessoas — e de fora não dá pra perceber.
4) O preconceito e a falta de informação ainda são um grande problema?
Com certeza, acredito que vamos esclarecer muitas dúvidas neste quadro.
5) Quais as expectativas para a série e como vem sendo a repercussão?
Espero as pessoas com síndrome Down sejam vistas com mais naturalidade e que agora exista um entendimento melhor sobre o que é a deficiência.
6) O que o público pode esperar?
Muita emoção, são histórias brilhantes e muita informação.
7) Como foi trabalhar com o Breno?
Foi fantástico, aprendi muito com ele. Foram momentos muito especiais. A ideia da Globo de dividir a apresentação com o Breno foi excelente.
Foto: Globo/João Miguel