Uma turma com cinco alunos. Parece pouco, mas muitas vidas se transformariam a partir daquele pequeno grupo. A começar por Allan Di Lucia, professor de jiu-jitsu, que, por influência do tio, pratica o esporte há nove anos.
Foi num campeonato estadual de Jiu-Jitsu em 2013 que a ideia que deu origem à pequena turma foi concebida. Naquela ocasião, foi abordado por um professor que tinha um pedido muito especial: um aluno com paralisia cerebral tinha visto Allan lutar e queria desafiá-lo também!
A empolgação do menino ao concluir a luta de apresentação marcou a vida de Allan e fez com que ele pensasse como seria levar outras pessoas com deficiência a sentir aquela alegria através do esporte. Passando pela APAE do Rio de Janeiro, o professor viu sua chance de fazer e também de abraçar a diferença. Após se apresentar como voluntário e mostrar seu projeto para pais, responsáveis e para a direção, ele se deparou com um novo desafio: a baixa adesão à turma, apesar do grande interesse pelo projeto.
Com o passar do tempo, felizmente, a situação mudou. Os outros alunos da instituição começaram a ver as aulas e os resultados acontecendo, assim como a preocupação de Allan com a segurança dos alunos, já que sempre houve um cuidado com a técnica utilizada nas quedas. Além disso, os alunos apresentavam um excelente desenvolvimento físico, melhoras na autoestima e, principalmente, muita disciplina e respeito.
Hoje, o estudante de Educação Física da UFRJ conta com o apoio de professores de sua graduação, além do apoio institucional da equipe pedagógica da APAE. Ele dá aulas a quatro turmas diferentes, cada uma com cerca de 12 a 13 alunos. A maioria dos alunos tem síndrome de Down, mas ele também tem alguns com autismo, síndrome de Rett e Asperger.
Com seu trabalho mais consolidado, Allan é procurado de forma frequente em suas redes sociais por cada vez mais pessoas interessadas no projeto. Ele recebe ainda responsáveis de alunos que nem são da APAE e que almejam ter aulas de Jiu-Jitsu com ele. Para ele, os limites praticamente não existem “Meu objetivo é proporcionar a prática do Jiu-Jitsu até onde eles quiserem. Espero que possa graduá-los à faixa preta!” Questionado sobre o desejo de trabalhar com inclusão, Allan enfatiza: “O objetivo é esse! Todos os meus alunos têm liberdade de visitar o clube onde eu dou aula, para interagir com meus outros alunos, sem deficiências. O ideal era ter todos lá, todos os dias, mas muitos moram longe e isso torna inviável”, conclui.
Por: Adele Lazarin e Luiz Fernando Souza