Pedro Fernandes é um verdadeiro campeão. Conheceu a natação aos 9 meses por indicação de uma fisioterapeuta, como forma de ajudar a expandir o seu tórax e reduzir a dilatação abdominal. Sua mãe, Marcia Fernandes, conta que ele sempre adorou a água, desde seu primeiro dia de aula. Ela explica que no início foram necessários alguns cuidados iguais aos dos outros bebês, mas Pedro teve uma excelente adaptação.
O universo das competições chegou mais tarde. O jovem começou a competir no clube onde nadava com outras pessoas de sua turma de natação, que também tinham síndrome de Down. Quando começaram as coleções de vitórias, sua família percebeu seu potencial. O pai, Gilson, pesquisou uma equipe de natação no Rio de Janeiro para que o filho tentasse o teste. O sucesso foi tanto que a técnica o aceitou de primeira.
Atualmente, Pedro tem uma rotina intensa. Treina de segunda a sábado, intercalando entre a equipe e um professor particular, totalizando 7 treinos por semana. Mas não para por aí: a fera ainda vai à academia e faz aulas de música. Ele conta que a natação o ajudou muito a melhorar a sua autoestima. “Eu me encontrei e consegui superar muitos limites”, explica. Hoje, Pedro treina com uma equipe que contribuiu muito para o desenvolvimento de suas habilidades sociais.
Para o jovem, está ficando cada vez mais difícil manter a contagem das medalhas: ele já acumula mais de 200. Pedro também conquistou alguns recordes, inclusive no medley, seu estilo de nado preferido. O atleta já competiu em diversas cidades do Brasil e em alguns países como Portugal, China, Equador, México, Argentina, Dinamarca, Inglaterra, Itália e Venezuela. Entre suas viagens, Pedro se lembra de uma conquista marcante no Open da Dinamarca de 2013, quando foi homenageado como melhor atleta da competição e ainda ganhou uma flor de prata feita por um designer local.
Diana, irmã de Pedro, conta como ela e sua família enxergam sua trajetória e o que pensam ao vê-lo tendo tanto destaque: “Não há maior alegria do que ver alguém tão amado ter seu trabalho e seu esforço reconhecidos. Suas conquistas dão gosto às nossas vidas e seus desafios nos amedrontam da mesma forma. Sua alegria quando volta de uma competição com as medalhas é tão pura e verdadeira que é impossível não se contagiar. A trajetória dele é linda, e esperamos que ainda se prolongue por muito tempo”.
Por mais que as conquistas dentro do esporte sejam grandes, Pedro ainda não possui patrocinador. Sua mãe ressalta que, por mais que se tente difundir eventos paraolímpicos, estes ainda não recebem tanta visibilidade quanto os esportes olímpicos. Pedro recebe uma bolsa do governo federal, por ter alcançado metas estabelecidas, mas o valor apenas ajuda a pagar algumas de suas passagens aéreas. “Se minha família não tivesse condições de me apoiar financeiramente, eu não poderia participar de todas essas competições ao redor do mundo”, reconhece o jovem atleta.
Pedro ainda não sabe o que esperar do futuro, mas deseja ser lembrado por suas vitórias e seus treinos e que as pessoas o enxerguem como um exemplo de tudo o que as pessoas com síndrome de Down podem alcançar e, assim, inspirar aqueles que são como ele.
Por: Adele Lazarin e Manuela Jácome
Foto: arquivo pessoal