Bia Paiva, seu legado e batalha pela acessibilidade na comunicação para pessoas com deficiência intelectual

“As pessoas não deviam falar pela gente. Deviam dar chance da gente falar, da gente optar, da gente querer, da gente escolher, da gente correr atras. E e isso que a gente quer mudar.”

Quem conheceu Ana Beatriz Pierre Paiva, ou simplesmente Bia Paiva, sabia do seu potencial revolucionário. Em 39 anos de vida foram inúmeras barreiras derrubadas e preconceitos desfeitos.

Para citar apenas alguns, em 2005 participou do programa “Pipas no ar“, de educação sexual para jovens com deficiência intelectual, quando ainda não se falava sobre o assunto em quase nenhuma parte do mundo.

Veja o vídeo sobre o programa
https://www.youtube.com/watch?v=VBI9RXLzG84

Quando foi convidada para ser palestrante no VII Congresso Brasileiro: Prevenção das DST e Aids e I Fórum Nacional sobre DST/Aids e Deficiências, que aconteceram em 2008 em Florianópolis/SC, ao lado de Thiago Rodrigues, pela primeira vez os dois questionaram a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência intelectual no conteúdo das apresentações e outros materiais. Em 2009, em outro encontro que aconteceu em João Pessoa, Thiago tomou coragem, se levantou e falou: “Pessoal, me desculpe, mas eu não estou entendendo o que vocês querem falar.” Em outro evento, Bia explicou:

“É muito difícil para nós conseguirmos acompanhar uma palestra nos principais eventos, todos falam rápido demais e quase não usam imagens ou fotos. Nosso ritmo de raciocínio é diferente”.

De volta a SP, essa questão foi discutida por Bia, Thiago e mais cinco jovens da Associação Carpe Diem, Carolina Yuki Fijihira, Beatriz Ananias Giordano, Carolina de Vecchio Maia, Carolina Reis Costa Golebski e Claudio Aleoni Arruda. Em 2011, suas reflexões foram publicadas no livro “Mude Seu Falar que eu Mudo o meu Ouvir“, primeiro manual de acessibilidade feito por  pessoas com deficiência intelectual no mundo, que teve lançamento em português e inglês durante a I Conferencia do Dia Internacional da Síndrome de Down na ONU, em Nova York.

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Os autores do livro estiveram presentes ao lançamento na ONU, mas Bia acabou nao indo. O Fantastico acompanhou os preparativos para a viagem dos jovens. Veja a materia:

http://globoplay.globo.com/v/1862805/

Em 2012 Bia foi escolhida para o “Trip Transformadores – atitudes extraordinárias que ajudam o mundo”, da Revista Trip. Neste vídeo, ela fala sobre a importância da acessibilidade na comunicação:
https://www.youtube.com/watch?v=5OlVAXxODkQ

Bia Paiva foi realmente uma pessoa transformadora, que marcou o começo do movimento pela acessibilidade na comunicação para pessoas com deficiência intelectual no Brasil e a ela devemos esse legado. O Movimento Down lamenta profundamente o seu falecimento e se compromete levar adiante sua batalha pela comunicação acessível.

Por: Patrícia Almeida

Foto: Helio Araujo