A repercussão do Dia Internacional da Síndrome de Down no noticiário e na mídia em geral aumenta e cada ano e isso é muito positivo. Cada vez mais vemos as pessoas que nasceram com a síndrome falando por si próprias e mostrando seu potencial. Essa exposição ajuda a derrubar barreiras e promover a inclusão em todos os ambientes.
Entre um mar de fotos vistas esta semana, um rosto foi o campeão. Uma menina de trança, olhos puxados e um lindo sorriso. Quem navegasse pela internet desavisadamente certamente acreditaria que ela é uma celebridade brasileira. Um levantamento informal localizou a garota em cerca de 80% de todos os panfletos de divulgação dos mais de 200 eventos organizados no país, posts em sites e nas rede sociais. Mas quem é essa menina?
Trata-se de Maria, filha do fotógrafo, artista e escritor ucraniano Denis Kuvaev. A modelo é a caçula de 4 irmãos e completa 12 anos em abril. A família mora atualmente em Paris. https://www.
Maria faz parte de vários bancos de imagem que são usados para ilustração de materiais gráficos e digitais.
A modelo não bombou só no Brasil. Ela tomou conta do mundo todo nessa semana.
A falta de representatividade de “pessoas reais” não afeta apenas as pessoas com deficiência. A ONG Desabafo Social, que utiliza a comunicação para promover educação em direitos humanos, fez um levantamento nos bancos de imagem mais utilizados no Brasil para explicitar a desigualdade racial nas fotos.
“Hoje, quando alguém faz uma busca em bancos de imagem, para aparecer pessoas negras é preciso digitar “negro”. Fora isso, praticamente desaparecemos dos resultados”, diz o post na página da ONG no Facebook. A organização lançou uma campanha em prol da representatividade negra na sociedade e está convidando os bancos de imagem a reverem seus algoritmos de busca, corrigindo essa desigualdade.
Será que ainda precisamos de modelos estrangeiros para representar pessoas no Brasil? E, numa população em que mais da metade se declara negra, temos que digitar a cor da pele para chegar a uma imagem que represente realmente a nossa identidade?
E aí, fotógrafos, bancos de imagem, agências de modelo e de publicidade. O que está faltando pra termos acesso a pessoas que representem a diversidade brasileira de verdade?
Patricia Almeida, jornalista
ODIMÍDIA – Observatório da Diversidade na Mídia