Surpresa em dose dupla!

Por Luciana Bettiol
Ativadora do Movimento Down

Carolina e George são de Piracicaba (SP), e a história desse casal começou há 32 anos, quando, ainda crianças, eles se conheceram. Ao longo de todo esse tempo, eles jamais imaginaram que viveriam uma história tão intensa e inusitada!

Há cinco anos, Carol e George tiveram o Gabriel. E quando ele estava com três, resolveram encomendaram um(a) irmã(o)zinho(a). O que não imaginavam era que viriam gêmeos!

Pra completar, Gustavo e Giovani chegaram antes da hora. Carol teve pré-eclâmpsia com 33 semanas de gestação, e o parto precisou ser feito às pressas. Os gêmeos pesaram só 1,5 Kg, mas nasceram saudáveis! Depois de 21 dias na UTI para ganho de peso, na alta eles já foram encaminhados para reabilitação, devido à prematuridade. Fisio, TO, hidroterapia e acompanhamentos médicos passaram a fazer parte da rotina, inclusive com a ajuda da vovó e a companhia do mano Gabriel.

Apesar dos olhinhos levemente “puxados”, todos os médicos, até então, atribuíam à prematuridade o ritmo mais lento de desenvolvimento dos gêmeos. Somente depois de quase dois anos, veio a desconfiança de “algo a mais”. Foi quando o cariótipo apontou a trissomia no cromossomo 21, e o casal foi surpreendido com o diagnóstico da síndrome de Down.

Quem é quem?!?!?!

 

bebe no bebê conforto com macacão azul e babador..bebe no bebê conforto com macacão verde e babador..

 

A Hora da Notícia

“Naturalmente, inúmeros questionamentos passaram por mim ao descobrir que os bebês têm síndrome de Down. Mas se eu soubesse antes que eles viriam assim, ficaria só com o Gabriel? Resposta: Não! Se alguém chegasse para mim com 2 bebês sem Down e dissesse: quer trocar? Resposta: Não! As justificativas são várias, dentre elas o fato de que nada poderá substituir a incrível oportunidade de podermos todos viver a mais completa experiência de amor, paciência, tolerância, inclusão, e com isso, evoluir nossas almas e nossos corações”, conta Carol.

 

homem carregando dois bebes, um em cada braco, e um menino a frente.

 

As estatísticas aproximadas para o nascimento de gêmeos idênticos com Down, no mundo, é de que para cada 1 milhão de nascimentos, nasce 1 duplinha! É praticamente “ganhar na loteria”. “E é isso mesmo que aconteceu, somos nós que ganhamos, em poder ter o privilégio de tê-los em nossas vidas!”, comentam os pais.

Eles querem que os bebês sejam vistos como “Gustavo e Giovani, que têm as suas dificuldades, e estão lutando para superá-las”. E não como “os gêmeos que têm síndrome de Down”, apenas. Por isso eles levam a vida com naturalidade, e sem esse “rótulo”.  Apenas vão inserindo os gêmeos nos ambientes de seu cotidiano – familiar, escolar, entre os amigos, da forma mais comum possível.

 

dois bebes e um menino sentados na grama, brincando com um carro de brinquedo grande.

 

Os três irmãos

“Acho muito importante trocar experiências com outras famílias, isso acalenta muito o coração da gente. Mas hoje não desejo que eles frequentem nenhum tipo de instituição restrita a pessoas com a síndrome, ou uma escola especial. Acho que eles têm que conviver com as pessoas que estão ao redor deles, da mesma forma que o irmão, sejam elas com ou sem deficiência. Prefiro a diversidade. Não sou a favor da segregação”, defende Carol. “Espero que sejam bem aceitos na escola, e tratados como crianças comuns, com suas dificuldades e qualidades.  Afinal, todas as crianças têm suas dificuldades, e não apenas as que têm SD”, pondera.

 

dois bebes sentados no chao brincando . urso de pelucia grande em segundo plano.

 

Foi um prazer para o Momento Down conhecer a história dessa família linda!

Confira um pouco mais do depoimento registrado pela mãezona:

“Vamos estimulá-los muito, e amor não vai faltar também, tenho certeza absoluta! Não temos nenhum receio de mostrá-los ao mundo, vamos a todo tipo de festas e lugares com eles. Não tenho nenhum motivo para esconder que eles têm síndrome de Down, aliás, eles são lindos! Muita gente tem pena de nós, acha que somos coitados, sofredores e infelizes, e na verdade não é absolutamente nada disso! É totalmente o contrário, somos muito felizes com eles, nos divertimos muito. Talvez eles fossem um ‘fardo’ para outros tipos de pessoas, mas para nós são uma bênção em nossas vidas. Eu, George, Gabriel e toda nossa família e amigos! Mas, e todo o restante? As dificuldades, o atraso, os problemas relacionados à síndrome? Ah, isso certamente tiraremos de letra! Sou uma pessoa que nasceu numa família muito simples, de classe média baixa, meus pais mal sabem escrever… estudei e trabalhei, cursei uma das melhores universidades do país, dei a volta por cima, um olé em muitas adversidades, estou aqui, viva e feliz! Alguém duvida de que essas crianças aprenderão até a dar nó em pingo d’água em minhas mãos?”

 

rosto de mulher, menino e dois bebês, sorrindo, deitados no chão.