Que tal juntar as informações importantes sobre a COVID-19?
Temos visto por aí informações desencontradas, gente que exagera e gente que minimiza, gente que causa pânico, gente que entra em pânico, gente que não se cuida e aí expõe o outro ao risco, enfim, uma infinidade de comportamentos e notícias que tem deixado a população confusa.
E longe de querer ser a “doutora sabe tudo”, vamos tentar colocar o que temos de sério nisso, não esquecendo que a situação é dinâmica e pode mudar nos próximos dias ou semanas.
Porque a gente tá tão preocupado com este coronavírus? Não é só mais uma gripe?
A COVID-19 é uma doença nova, que cursa com sintomas gripais, mas com características distintas: mais transmissível, evolução clínica variável e com maior taxa de hospitalização.
E o problema não é eu ou você pegar este vírus. Provavelmente teremos o quadro habitual, com tosse, secreção nasal, dor no corpo, febre…
A letalidade geral é considerada baixa (3,4%), mas é mais alta nos grupos de risco (14,5% nos idosos, pessoas com doenças crônicas, e com problemas na imunidade), embora ainda possa estar superestimada, já que os casos assintomáticos provavelmente não entraram nesta conta.
Mas enfim, qual é então a preocupação? A preocupação maior é que ela é muito mais transmissível que a gripe causada pelo vírus Influenza, por exemplo, e aí, se a coisa se espalhar, teremos uma demanda enorme de pacientes que realmente precisarão de atendimento hospitalar, e uma necessidade maior também de leitos em unidade de terapia intensiva. E certamente poucos países no mundo (se é que tem algum) estão preparados para essa enormidade de casos, assim, todos de uma vez!
E aqui…temos estrutura para atender quantos?
Qual então, o nosso papel nisso tudo?
Seguir as orientações para minimizar a disseminação do vírus.
Temos sorte por aqui, já que assistimos praticamente de camarote o que aconteceu na China, Irã, Coréia do Sul, Itália e outros países da Europa. Aprendemos com isso.
Temos sorte também porque aqui ainda é verão e nosso outono tem temperaturas mais quentes. Porém, teremos transmissão comunitária do vírus (aquela que acontece entre as pessoas, sem história de viagem ao exterior ou contato com alguém sabidamente contaminado). E isso aumenta muito a chance do vírus chegar na população mais susceptível, ou seja, aquela que vai precisar do sistema hospitalar.
Temos sorte também em ter o SUS, um sistema de saúde que atende universalmente nossa população.
Então, se todo mundo colaborar, poderemos ter um cenário mais positivo por aqui.
Mas temos que fazer um pacto social. Cumprir as orientações das autoridades de saúde.
Não adianta tua empresa dispensar os funcionários e você ir ao cinema. Não adianta a escola orientar que os alunos com sintomas respiratórios fiquem em casa e você mandar seu filho, porque tem certeza que é “só um resfriadinho”.
Depende de nós a maior ou menor disseminação deste vírus.
Depende de nós inclusive, se teremos ou não medidas restritivas mais radicais.
Um pouquinho sobre as infecções em crianças:
As crianças parecem estar mais protegidas da infecção pela COVID-19, pelo menos essa é a situação até agora. O que se vê nas publicaçoes oficiais dos países que tem muitos casos é que elas tem um quadro bastante leve ou então são assintomáticas. Até o momento não ocorreu nenhuma morte pela COVID-19 em crianças com menos de 10 anos. Mas uma coisa importante: as crianças podem ser transmissoras da doença, e por isso, o cuidado com a exposição de familiares idosos ou com doenças crônicas às crianças com sintomas respiratórios.
E as pessoas com síndrome de Down, são consideradas de risco?
Em geral, sim. Pois temos uma incidência maior nessas pessoas, de disfunções da imunidade, cardiopatias congênitas e doenças respiratórias. Portanto, familiares e pessoas com SD devem seguir rigorosamente as orientações gerais e também as do seu médico pessoal.
Então gente, se não podemos viajar pra fora, vamos então viajar para dentro de nós mesmos e exercitar nossa empatia e compaixão.
Sejamos responsáveis e comprometidos com as orientações a seguir.
Vamos cuidar com carinho de nós e cuidar também, com o mesmo amor, do outro.
Dra. Ana Claudia Brandão
(*traduzi o panfleto da National Down Syndrome Society para que as famílias e pessoas com SD possam ter acesso as estas informações, embora não sejam diferentes das orientações direcionadas a população geral).