Além de registros em esculturas e estatuetas de diversos continentes, há indícios que apontam para a presença de pessoas com síndrome de Down em pinturas criadas entre os séculos XV e XVIII. Confira naúltima parte do especial sobre a síndrome de Down na História imagens que indicam a existência de crianças com a deficiência nesse período.
1) Cerca de 1455 – “Pintura Virgem e Criança com São Jerônimo e Louis de Toulouse”, de Andrea Mantegna – Mântua, Itália
Um pesquisador diz que o pintor Andrea Mantegna, que teve 14 filhos, teria tido um herdeiro com síndrome de Down que poderia ter sido retratado nos próximos três quadros abaixo Outra possibilidade é de que fosse uma outra criança com síndrome de Down , filha dos Gonzaga, uma família rica e poderosa da cidade de Mântua. Os Gonzaga teriam contratado os serviços de Mantegna justamente pelas duas familias terem filhos com síndrome de Down. Contudo, segundo o pesquisador, o filho dos Mantegna teria falecido aos quatro anos de idade.
A primeira pintura mostra uma mulher, possivelmente representando Nossa Senhora, com uma criança de pé entre duas figuras masculinas. A criança, que pode ser o Menino Jesus, tem uma coroa em forma de halo na cabeça, os olhos puxados, nariz achatado, boca pequena e aberta, mãos quadradas e dedo mínimo curvado.
2) Cerca de 1460 – Pintura “Madona e Criança”, de Andrea Mantegna – Mântua, Itália
Essa pintura provavelmente retrata Nossa Senhora com o menino Jesus no colo. Isso pode ser percebido por causa do halo em torno de suas cabeças. Segundo os pesquisadores, a criança teria traços de síndrome de Down, como os olhos puxados, nariz pequeno e boca entreaberta.
3) Cerca de 1460 – Pintura “Virgem e Criança”, de Andrea Mantegna – Mântua, Itália
O quadro mostra uma mulher que aparenta ser a Nossa Senhora com uma criança no colo que tem características de síndrome de Down, como a boca entreaberta, nariz achatado, pescoço curto, olhos puxados, rosto redondo, dedo mínimo curvado, dobrinhas na perna e no braço e dedão do pé separado.
4) 1505 – Pintura de Criança e Macaco – Autoria provável do artesão do altar da catedral d , Alemanha
Nessa pintura, um macaco alisa o cabelo de uma criança com síndrome de Down. A criança tem nariz pequeno, boca aberta e dedo mínimo torto. Pela caneca que carrega, é possível que ela pedisse esmola junto com o macaco nas ruas, infelizmente uma situação bem comum a pessoas com deficiência naquela época.
5) Cerca de 1515 – Pintura “Adoração do Menino Jesus”, autor não confirmado – Bélgica ou Alemanha
Nessa cena, aparecem dois personagens que possivelmente têm síndrome de Down. Um está entre a mulher ajoelhada à esquerda e a figura ajoelhada no centro com as mãos em oração. Pode-se notar uma asa nela, que aparece atrás da mulher ajoelhada. O outro mais acima, no centro da pintura, traz uma corneta de pastor na mão. As duas figuras têm traços típicos da síndrome de Down: rosto arredondado, nariz achatado e pequeno e uma delas tem os olhos separados e puxados.
O mesmo pintor produziu um quadro com cena parecida, mas algumas diferenças. Nela, as duas pessoas que teriam síndrome de Down na pintura anterior já não têm aparência tão marcada.
6) 1573 – Quadro “Transfiguracão”, de Pieter Porbus – Igreja de Nossa Senhora em Bruges, Bélgica
Anselmus de Boodt, geólogo, acadêmico e médico de Rudolf II, em Praga, tinha uma irmã que teria síndrome de Down. Dois painéis do Tríptico (quadro em três paineis), “Transfiguração”, pintado por Pieter Porbus, mostram a família de Boodt. Os sete filhos do lado esquerdo com o pai e as três filhas do lado direito com a mãe, Jeanne. A filha que teria síndrome de Down aparece atrás da mãe.
7 ) 1618 – Pintura “Adoração do Pastor”, de Jacob Jordaens – Antuérpia, Bélgica
A criança tem os olhos puxados e o rosto um pouco achatado. O que leva os pesquisadores a acreditarem que esse bebê tem síndrome de Down é o fato de que o pintor, Jordaens, teve uma filha com síndrome de Down chamada Elizabeth.
8) Entre 1635 e 1640 – Pintura “Sátiro com camponeses”, de Jacob Jordaens – Antuérpia, Bélgica
Esse quadro também é de Jacob Jordaens e os pesquisadores alegam que nele aparece a mesma mulher do quadro anterior com uma criança aparentando ter síndrome de Down. As evidências são dobrinhas nas mãos e nas pernas, olhos puxados, boca aberta e nariz pequeno. Considera-se possível inclusive que esta seja a primeira representação de duas crianças com síndrome de Down na mesma família, mas isso não pode ser confirmado.
Por: Patricia Almeida
Síndrome de Down na História – Parte 01
Síndrome de Down na História – Parte 02
Fontes:
Jaguar Cult – Down’s Syndrome Were Jaguar, de George Milton e Roberto Gonzalo, 1974
Nazi Persecution of the Mentally and Physically Disabled, U.S. Holocaust Memorial Museum