Quem já viu o novo comercial da Leader, deve ter reconhecido o Breno Viola que aparece com outros rapazes olhando pela janela da casa onde o grupo Roupa Nova está ensaiando a canção “Já é Natal na Leader”. Entre o povo que vai se reunindo em volta da casa para ouvir a música, há ainda um rapaz usando cadeira de rodas, pessoas negras, ruivas, jovens, idosas, com sobrepeso, enfim, um público diverso e colorido.
Veja: https://youtu.be/qA4gvOX7Jak
A Leader e a Agência Binder acertaram em cheio ao criar uma campanha inclusiva. Todas as pessoas são consumidoras, mas nem sempre todas as pessoas estão representadas na publicidade.
Nos últimos tempos, no entanto vem crescendo a presença de pessoas com deficiência na propaganda. Isso se deve a uma mudança de atitude por parte das empresas anunciantes e publicitários, que estão tentando representar melhor o público consumidor, mas, no caso da deficiência, também é resultado do trabalho de advocacy, ou seja, convencimento, que é feito nos bastidores da indústria da mídia.
No Brasil, o Instituto MetaSocial vem fazendo isso há 20 anos. Desde 2008 temos alguns poucos exemplos de publicidade inclusiva, listados pela Gadim Brasil, que também atua na promoção da inclusão das pessoas com deficiência através da mídia: http://www.gadimbrasil.org/publicidade-inclusiva
Nos Estados Unidos, organizações como “Changing the Face of Beauty” já emplacaram modelos com deficiência em diversas campanhas. Na Australia, “Starting with Julius” convenceu as gigantes Target e Kmart a fazerem comerciais inclusivos. O último filme da Kmart, traz uma menina com síndrome de Down e um menino brincando de boneca. https://www.youtube.com/watch?v=eS3XwyNUsAE
Essas iniciativas têm sido extremamente bem recebidas pelo público, com compartilhamento dos anúncios e elogios aos anunciantes.
Por outro lado, algumas empresas ainda não se deram conta de que não podem continuar excluindo esse público consumidor. Nos Estados Unidos, a mãe do Asher Nash, esse menininho fofo da foto abaixo, foi informada de que seu filho não podia participar de um teste para modelo da marca OshKosh, porque eles não pediram na chamada uma “criança especial”. Indignada, a mãe postou a rejeição na internet e o post viralizou. O efeito foi péssimo para a OshKosh, que acabou chamando a família para conversar sobre inclusão de modelos com deficiência na publicidade.
A publicidade ainda não reflete a realidade de nossa sociedade, mas os consumidores têm o direito de se sentirem representados nela. Que tal começarmos a ocupar esse espaço? Os anúncios das lojas onde compra incluem pessoas com deficiência? Que tal dizer que, como consumidora, você acha que sua família não está sendo representada? Seu filho/sua filha ou alguma pessoa com deficiência que conhece tem jeito pra modelo? Entre em contato com uma agência de modelos ou de publicidade perto de você e ofereça suas fotos para a lista da agência. Tem amigos publicitários ou donos de loja? Converse com eles!
A maré da inclusão está chegando. Temos que estar preparados pra isso e dar uma forcinha pra essa onda pegar.
Se souber de algum comercial inclusivo, por favor, mande pra gente para ser incluído na lista da Gadim Brasil. brasil@gadim.org
Por Patricia Almeida