Conheça o Erlon Consuelo. Leitor assíduo, ele tem 49 anos, mora em Ilha Comprida, no litoral de São Paulo. O sonho do Erlon é um país melhor para viver.
Leia a entrevista feita por Skype por Vivi Reis, ativadora do Movimento Down.
Boa noite Erlon, é um prazer poder papear com você! Sou Vivi Reis, ativadora do Movimento Down e gostaria de entender sua trajetória e como adquiriu esse gosto pela leitura.
Vivi MD: Quantos anos você tem, Erlon?
Erlon: Tenho 49 anos.
Vivi MD: Nossa!!! Mas você tem aparência de 30 e poucos anos! O que você faz?
Erlon: Eu gosto da vida como ela é, Vivi, por isso pareço sempre jovem.
Vivi MD: Você estudou em escola regular ou especial?
Erlon: Sempre estudei em escola regular e fui alfabetizado na escola.
MD: Até que ano você estudou?
Erlon: Estudei sempre em escola regular, tanto no interior como em São Vicente, e fui até a 7a série.
Vivi MD: Você fez algum tipo de terapia, como fono ou fisioterapia?
Erlon: Não, não fiz.
Cleuza (mãe do Erlon): Onde ele nasceu Vivi, uma cidade bem pequena do interior não tínhamos informação, então ele foi criado pela intuição de mãe, e principalmente na aceitação dele, tratando igual e dando oportunidades.
Vivi MD: Depois do interior você já foi morar aí no Vale do Ribeira?
Erlon: Não, antes morei em São Vicente e desde janeiro de 2008 moramos aqui em Ilha Comprida.
Vivi MD: E como você vive ai? Gosta da cidade, tem bastante autonomia, sai sozinho?
Erlon: Ah sim, gosto muito daqui. Tenho toda autonomia e vou onde quero.
Vivi MD: Você tem uma ótima dicção, parabéns!
Erlon: Obrigado!!
Cleusa (mãe do Erlon): Sabe Vivi, eu sempre falei muito com ele, tudo o que eu fazia eu conversava com ele, ia explicando… com isso fui estimulando ele também a contar as coisas que fazia.
Vivi MD: Vimos uma reportagem com você e ficamos felizes em ver como você é um leitor assíduo e voraz…rs… Como começou o seu gosto pela leitura?
Erlon: Desde pequeno, eu adorava ler gibi de super-heróis, minha mãe lia para mim e eu pedia para ela repetir e repetir, eu já adorava.
Vivi MD: Qual foi o 1o. livro que você leu e que ficou marcado na sua memória?
Erlon: O Pequeno Príncipe
Vivi MD: Você continua lendo muito até hoje?
Erlon: Leio em média de 6 livros por mês, mas já cheguei a ler até 10 livros por mês. Depende muito de quantas páginas o livro tem.
MD: Quais são seus autores preferidos?
Erlon: Eu gosto muito de Dan Brown, Stephenie Meyer que escreveu a sagra Crepúsculo, da Sagra mesmo eu não gosto, mas gosto de outros títulos dela, tem também a escritora Nora Roberts, Paulo Coelho e adoro demais Frederick Forsyth e o livro dele que gostei demais fala sobre Nazismo – O punho de Deus.
Vivi MD: Então seu estilo é mais Suspense e Ação? E Romance, você não gosta?
Erlon: Não, não gosto de romance…rs…
Vivi MD: E falando em romance, você tem namorada?
Erlon: Não tenho, já tive paqueras, mas agora tô solteiro. Minha mãe que tá falando aqui que sou um solteiro convicto…rs…
Vivi MD: Você tem irmãos, Erlon?
Erlon: Não, não tenho, sou filho único.
Vivi MD: Você gosta só de livros ou você também gosta de filmes?
Erlon: Adoro filmes também, gosto muito de Ghost e Meu pé esquerdo, pra mim é uma lição de vida.
Vivi MD: Quais são seus sonhos e o que espera do futuro?
Erlon: Do futuro desejo um país melhor para viver. Meu sonho de consumo é ser professor de Educação Física.
Vivi MD: Você gosta e pratica esportes?
Erlon: Sim, adoro esportes, já fiz muito natação, mas aqui está difícil de achar um lugar bom para praticar.
…nesse momento minha filha de 8 anos que também tem a Trissomia entra na sala, vê que estamos conversando pelo Skype e pergunta se o Erlon fala Espanhol (ela está na fase de querer ver filmes em espanhol, embora ela entenda bem o italiano), ele responde que sim e conversa um pouco com ela em espanhol e ela responde em italiano…rs… A mãe do Erlon no fundo falando: Nossa! Mas são todos poliglotas? Rs…
Vivi MD: Erlon, adorei falar com você, tudo de bom para todos aí em casa e muito obrigada pela deliciosa entrevista.
Erlon: Eu também adorei, estava ansioso para falar com você! Um grande beijo
Nota da Entrevistadora: Podemos sentir o carinho e toda a aceitação que a família do Erlon tem com ele, sempre incentivando a leitura, muitas conversas e convivência com a comunidade.
Cleuza e Sr. Vicente, embora vivendo em um tempo onde a síndrome de Down ainda era tratada como uma doença, sem informações, acolheram e amaram o Erlon dando todas as oportunidades que estavam ao seu alcance. Muito bom conhecer uma famíia que já há quase 50 anos atrás promovia a inclusão do filho através, primeiramente, do seu próprio olhar sobre as capacidades dele e também dando a oportunidade da vivenciar em comunidade e em uma escola regular.
Adorei entrevistá-los!