Se a sexualidade de pessoas com síndrome de Down ainda é um tabu na sociedade, a possibilidade de mulheres com a trissomia darem à luz ainda é uma novidade para muitos. Se não houver problemas graves de ovulação, elas podem engravidar normalmente.
Assim como ocorre com mulheres sem a trissomia, a gravidez só é considerada de risco se a gestante apresentar algum problema de saúde que justifique cuidados extras, como cardiopatia, pressão alta, diabetes ou obesidade. No entanto, a ocorrência dessas patologias associadas é maior nas pacientes com síndrome de Down. Além disso, é importante ter atenção aos cuidados do pré-natal – pela falta de informação da gestante e da família, pode ocorrer que mães nessas condições só se consultem com um médico quando a gestação já estiver adiantada.
Os cuidados durante a gravidez são os mesmos que todas as outras mulheres devem tomar, considerando em cada caso a ocorrência ou não das questões citadas acima.
O tipo de parto é definido de acordo com o estado geral da mulher e do bebê – caso a mãe tenha um problema de saúde para a qual não seja indicado o parto normal e/ou o bebê apresente alguma malformação, a cesárea será o método escolhido. A vontade da paciente também é levada em consideração: se ela e sua família se sentirem mais seguras com a cesárea, o médico provavelmente fará esta opção.
Brasileiras dão à luz bebês sem a trissomia
Ainda são poucas as mulheres com síndrome de Down que se tornaram mães. Segundo a literatura médica, existem pouco mais de 30 casos de mulheres com SD no mundo que tiveram filhos sem a trissomia. Duas delas estão no Brasil.
Cíntia Carvalho Bento, de 40 anos, já havia realizado um sonho ao se casar de véu e grinalda com Miguel Bento, quatro anos mais velho. O casal se conheceu na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Florianópolis (SC) – ela era aluna, ele funcionário.
Três anos após subirem ao altar, em 2009, veio a surpresa: uma gravidez não planejada. Cíntia, que sempre quis ter um filho, iria realizar mais um grande desejo em sua vida. Augusto nasceu sem a síndrome de Down, é um menino saudável e rechonchudo. Para cuidar dele, Cíntia conta com a ajuda da mãe, Jane Carvalho. Saiba mais sobre a história de Cíntianeste vídeo.
Maria Gabriela Andrade Demate e Fábio Marchete de Moraes, de Socorro (SP), namoravam há três anos e meio quando se deram conta da gravidez. Com medo da reação dos familiares, esconderam a notícia enquanto foi possível. Após a revelação, todos viveram momentos difíceis: a gestação, descoberta aos seis meses, era de risco.
Para surpresa geral, Valentina veio ao mundo três semanas antes do previsto e sem apresentar traços da síndrome de Down da mãe ou da deficiência intelectual de seu pai. Gabriela não teve maiores complicações.
Valentina, hoje com quatro anos, mora com Laurinda, sua avó materna. Gabriela faz questão de participar ativamente da vida da menina, com quem convive diariamente. “Ela me chama de mãe, a gente pula na cama elástica, assiste televisão. Ela é bem boazinha comigo”, afirmou, em entrevista ao site Eband.
Homens geralmente são inférteis
Já os homens com síndrome de Down dificilmente têm filhos. Embora não haja muitos estudos sobre o assunto, acredita-se que a infertilidade seja consequência de um menor número de espermatozoides e de uma maior lentidão em sua movimentação, o que dificulta a ocorrência da fecundação.